domingo, 23 de outubro de 2016

O primeiro telegrama a gente nunca esquece













“Jornada de Ouro Preto, 1985, uma das mais concorridas. Pela primeira vez vários jornalistas e críticos de cinema estiveram presentes: Luiz Nazário/Estadão; Fernando Molica/Jornal do Brasil; Maria do Rosário; Correio Braziliense; Heitor Capuzzo/Diário do Grande ABC, entre outros, como convidados da Jornada. Foi também uma das primeiras vezes que fomos notícia nacional...”
(conforme blog do Diogo Gomes dos Santos: http://diogo-dossantos.blogspot.com.br/p/memoria-cineclubista-i.html)

Enquanto isto... começava p/ valer minha participação no Movimento Cineclubista Brasileiro através das Oficinas de  Programação de Cinema do Museu Lasar Segall (SP). Onde através deste Telegrama (16/07/1985) da querida e saudosa cineasta, poeta carioca Hilda Machado (1952-2007) e então curadora do Museu, me convidou p/ ser um dos seus assistentes (que me recordo ou outro era Takeshi Ishihara) na realização do “PAINEL DO CURTA E MEDIA METRAGEM” de 12 de julho a 04 de agosto de 1985.
Concomitantemente Osasco...
A seguir publico o folder do evento.
P.S.: Tentei reproduzir o cartaz da Jornada de Ouro Preto mas enfim, está lá no Blog do Diogo.



CINECLUBISTA DE CARTEIRINHA

Conforme já relatei em posts passados, aqui está mais um documento de minha história. A seguir espero tomar coragem p/ tornar público outras memórias não só cineclubistas, enfim outras produções audiovisuais que com certeza até então, pouquíssima gente conhece; inclusive de vários projetos inacabados. Mas vai saber daqui em diante... (Para pesquisadores será um "prato cheio").

sexta-feira, 21 de outubro de 2016

Rossellini, 100



UMA VEZ MAIS CONSIDERANDO a audiência rotativa deste blog, republico texto sobre Rossellini que se vivo estivesse completaria 100 anos em 2016.
Enfim: como H. Mauro, um outro avô espiritual e cinematográfico...

Trinta Anos Sem Roberto Rossellini

“Evidentemente, só fui entender muito mais tarde o que significava o Neo-realismo italiano, que era, na verdade, um alargamento das possibilidades do discurso cinematográfico. No momento em que Rossellini tira a câmera do estúdio e mostra a vida na rua, ele redefine não somente uma estética cinematográfica, mas também uma ética cinematográfica.”
Walter Lima Junior – Cineasta

Foi a partir da reportagem “Texto inédito de Rossellini previa conflito entre Ocidente e Islã”, publicada no site do “Jornal do Brasil” em 20/04/07 (que segue em anexo), que despertei para a urgência de refletir sobre a importância do legado deixado pelo cineasta italiano Roberto Rossellini. Que nasceu em Roma em 8/5/1906 e que justamente em 3 de junho próximo completará trinta anos de sua morte também em Roma. A reportagem para quem ainda não o conhece é uma descoberta incrível, já para os iniciados (ou cinéfilos de carteirinha) é um excelente aperitivo. É que escrever em 1976 sobre as relações Ocidente e Islã com o devido respeito, ensinando-nos à compreensão e tolerância mútua, e principalmente colocá-la em prática, é algo muito importante. Ele profetizou por assim dizer o 11 de setembro de 2001! E mais, ao longo de sua trajetória foi e será uma obrigatória e verdadeira referência não só para os interessados por cinema ou cultura, mas para todos aqueles que almejam um mundo ético, digno e solidário. Palavras muitíssimo caras nos dias atuais.

Segundo o jornalista Luiz Zanin Oricchio do “O Estado de S. Paulo” caderno “Cultura/Caderno 2” de 2/11/2003, pág. D-1, “... Mais de uma vez, em entrevistas (inclusive na mais célebre de todas, dada a Eric Rohmer e a François Truffaut, para a Cahiers du Cinema), afirmou que desconhecia o significado exato do termo neo-realismo. Dizia até mesmo que não era cineasta, apenas um homem que se sentia em dever moral diante dos seus semelhantes e procurava meios expressivos adequados para cumprir com sua obrigação. Cinema ou TV, ou os dois juntos, tudo dava na mesma...”.

É importante (re) lembrar que ele é considerado o “pai do Neo-Realismo italiano”, e por extensão do cinema moderno. Jean-Luc Godard e François Truffaut foram super influenciados por Rossellini , surgindo a Nouvelle Vague francesa. Certa ocasião Glauber Rocha também  admitiu que o Cinema Novo brasileiro era devedor de dele.

Rossellini começou a interessar-se por cinema por volta do 30 anos, como montador, roteirista e realizador de curtas-metragens. Sua estréia nos longas foi em 1941 com O Navio-hospital. Pode-se afirmar que sua trajetória artística decolou de vez a partir da chamada “trilogia da guerra”: Roma – Cidade Aberta (1945), Paisá (1946) e Alemanha Ano Zero (1948). Na qual ele praticamente documentou a 2ª Guerra Mundial na Europa, ainda que fossem ficcionais. Já com Stromboli (1950), Europa 51 (1952) e Viagem à Itália (1953), estamos diante da “trilogia da solidão”. Nos três a atriz Ingrid Bergman (Estocolmo, 29/08/1915 – Londres, 29/08/1982) de Casablanca (entre muitos outros), está magistral. E que teve um polêmico casamento com Rossellini; nascendo daí Roberto e as gêmeas Isotta Ingrid e a atriz Isabella Rossellini.

Não se deve esquecer também, que Anna Magnani (1908-1973) imortalizou sua carreira no papel de Pina em Roma – Cidade Aberta. E, igualmente anotar, que Federico Fellini (1920-1994) antes de realizar obras como A Doce Vida (1960) e 8/12 (1963), foi um dos principais colaboradores de Rossellini.

Deixo aqui esta pequena recordação de Roberto Rossellini. Na certeza que ela motivará outros tantos interesses e necessidades. Estão disponíveis para locação em DVD: Roma – Cidade Aberta (1945), Paisá (1946), Alemanha, Ano Zero (1948), Stromboli (1949), Francisco, Arauto de Deus (1950), Viagem à Itália (1954), Nós as Mulheres (1953), De Crápula à Herói (1959) e Santo Agostinho (1972).


Rui de Souza – 25/04/2007
Texto inédito de Rossellini previa conflito entre ocidente e Islã

Agência ANSA

ROMA – A perspicácia do pensamento e da obra de Roberto Rossellini encontra uma nova comprovação com a publicação de “Islam”, texto inédito de um projeto televisivo que o diretor escreveu em 1976 e acabou por não ser filmado.

O manuscrito, dividido em setenta pastas, foi reencontrado por Renzo Rossellini, filho e colaborador muito próximo de Roberto. A ele também se deve a organização do curto livro publicado na Itália pela editora Donzelli (163 páginas, 13,50 euros) que contém a filmografia completa do diretor, com fichas exaustivas sobre cada obra.

“Islam” se insere no projeto de filmes televisivos histórico-didáticos sobre a história da humanidade, uma espécie de enciclopédia imagética que produziu também obras-primas singulares, como “La Presa del Potere di Luigi XIV” e Il Messia”.

Para Rossellini (1906-1977), que já desde a segunda metade dos anos 1960 tinha rompido com indústria cinematográfica, a divulgação televisiva representava o futuro do cinema e – de um ponto de vista pessoal – um novo campo a ser explorado.

No texto inédito, surpreende o modo original de enfrentar a questão do istã, com reflexões que hoje parecem ter extrema atualidade. Dizem as primeiríssimas linhas: “Agora que o mundo está ainda mais dilacerado por novas incompreensões e por acontecimentos inusitados, torna-se urgente fazer alguma coisa. Uma nova fratura muito profunda foi criada entre o mundo ocidental, orgulhoso de seu suposto pragmatismo, e o mundo muçulmano, que, finalmente despertado, tem a coragem de se recobrar”.

Muitos anos antes do fatídico 11 de setembro de 2001, Rossellini parece intuir o perigo de um choque de civilizações e postula necessidade de conhecer as riquíssimas raízes da cultura árabe e da relação profunda que essas raízes têm com o Ocidente.

Um raciocínio cristalino, que revela não apenas a erudição e a postura de pesquisador, mas também a incrível capacidade de intuição do mestre. “Qualquer coisa poderá acontecer”, diz a obra. Mas para nos odiarmos bem ou nos destruirmos bem, deveremos em todo caso conhecer-nos bem.”

O texto foi escrito à mão, como todos os outros do mesmo gênero, em blocos pautados amarelos, que Rossellini usava sempre para o seu trabalho.

Comumente, depois de ter escrito ele fotocopiava as páginas e as dava ao filho, para que ele lesse e fizesse as suas observações. Mas, quando terminou de escrever “Islam”, segundo conta Renzo, ele não fez cópias e pediu a ele lesse rápido, diante de si, as páginas recém-prenchidas.

- Imediatamente comentei – conta Renzo: “Mas como, os países islâmicos são riquíssimos, têm petróleo e podem colocar de joelhos a economia do planeta!”. Rossellini então respondeu num ímpeto ao filho: “Mas esse é o problema: para apoderar-se dessas riquezas criaremos pretextos, usaremos as armas do racismo, como foi feito contra os judeus, e pior, poderemos criar um novo holocausto, e desta vez as vítimas serão o islã e os mulçumanos”.



Reportagem publicada no site do “Jornal do Brasil” em 20/04/07


segunda-feira, 17 de outubro de 2016

"PPO: FILÉ DO FILÉ" OU MELHOR: FORTUNA CRITICA




“...Uma obra fílmica que não perde em nada para um bom filme de arte europeu, ou um bom filme brasileiro. Quem o vir depois, entenderá do que estou falando... Por enquanto quero dizer mais, somente e tão de sua forma, de sua estética. Pois, se arte também é simetria, eis que “Passaporte para Osasco”, de Rui de Souza, tem muito de simetria, delineamento, capricho, nuanças e estética de um filme feito por mãos de artesãos que conhecem do ofício. Uma produção, obviamente, feita na cara e na coragem.  Está lá a marca do seu diretor/autor e também um dos seus colaboradores mais próximos como João Luiz de Brito Neto, cineasta e cineclubista, que além de diretor de fotografia e câmera, foi quem fez a edição; está lá também a trilha sonora, tanto a música original composta por Alcides Neves, como a outra parte da trilha musical do grupo “La Carne”...”
(Cacá Mendes)
Poeta e produtor cultural, e também
Coordenador do “Sarau dos Conversadores”

“...E é isto que ele faz, apoiado em dezena de depoimentos de militantes políticos, protagonistas da Greve de Osasco (1968). Inclusive e, principalmente, o de José Ibrahin, morto há dois anos. Como o filme foi realizado ao longo de muitos anos, Rui e seu fotógrafo João Luiz de B. Neto foram gravando testemunhos. Os melhores são os de Antonio Roberto Spinosa e Roque Aparecido, pois temperados com humor. Ibrahin também têm muito o que dizer, embora o faça sem a pulsão de vida que deve ter marcado sua agitada juventude...”
“...Quando o filme começa, nos animamos. Um jovem Ibrahin aparece em uma loja masculina, na França, falando francês fluente com o rapaz que o atende. Ele prova ternos, pois, anistiado, regressará ao Brasil (1979). O sindicalista dá a entender que não é chegado em ternos, mas que faz questão de desembarcar no Brasil envergando um. Por que?, quer saber o jovem francês. “Porque dizem que os guerrilheiros são terroristas, marginais. Quero mostrar que não somos”. Dá-se um corte temporal e vemos a ‘”geração osasquense de 1968″ já grisalha, passados quase 50 anos. Ibrahin tinha 21 anos na época das greves e da prisão. E conta história impressionante sobre desejo de suicidar-se pulando de um viaduto paulistano, a que seria conduzido pelas forças repressivas, empenhadas em prender “novos subversivos” (ele fornecera um “ponto” falso). Outro bom momento do documentário vem de depoimento de Spinosa, sobre o jornal NP (Notícias Populares), o mais lido pelos sindicalistas: o NP vivia de crimes sensacionalistas, mas era o veículo que fazia “a melhor cobertura das lutas sindicais de nossas bases”. E a cobertura de crimes, a maioria protagonizada por personagens ficcionalizados (a loura-fantasma, o bebê-diabo, o bode estuprador) só fazia aumentar o estigma sobre a cidade. As apelativas capas-manchetes do jornal são mostradas para ilustrar o que diz o militante...”
Publicado no prestigioso e respeitadíssimo blog da querida jornalista Maria do Rosário Caetano  em  (no dia 03/06/16):
Um filme: “Passaporte para Osasco”, de Rui de Souza
Para Rosa Lopes Martins (Ex-Vereadora PT-Osasco e irmã do Dep. Est. Marcos Marcos Martins (PT)

“...Maio de 1979: José Ibrahim chega ao aeroporto de Viracopos em Campinas depois de dez anos de exílio no México, Cuba, Panamá, Chile e Bélgica. As imagens do final do filme “Passaporte para Osasco”, de Rui de Souza (2016, 90 min.), retomam as lembranças de um período da história da cidade: a greve de julho de 1968.
Há depoimentos do líder sindical e dos seus companheiros operários: José Groff, João Joaquim da Silva, Roque Aparecido da Silva, Inácio Pereira Gurgel, Terezinha de Jesus Gurgel, Antonio Roberto Espinosa – e das professoras Helena Pignatari Werner e Risomar Fasanaro...”

“...A greve de 16 de julho de 1968 não foi apenas reivindicatória – contra o arrocho salarial, direito à greve, mas política – e houve ocupação de fábrica. Foi organizada a partir da Comissão de Fábrica da Cobrasma e do Sindicato dos Metalúrgicos de Osasco – e outras empresas da cidade também paralisaram: Brown Boveri, Braseixos, Barreto Keller, Lonaflex. Foi um movimento libertário de enfrentamento da ditadura militar no Brasil...”
“...Osasco, a cidade marcada pela resistência à ditadura militar, foi estigmatizada como a cidade da violência pela imprensa golpista. O filme de Rui de Souza registra a história dos que ousaram desafiar a propaganda fascista, a repressão, a prisão, o exílio, a tortura, o suicídio, a morte e desaparecimento de presos políticos...”
João dos Reis, Professor de Filosofia e Jornalista.
Rui,
Peço-lhe desculpas pela demora do retorno, uma grande falha!
Parabéns pelo trabalho, que nos remete a um momento importante de nossa história social e política. Através da greve de 68 em Osasco e da homenagem a José Ibraim você transmite o que foi aquele momento fundamental para nossa história recente.
A versão que colocou em YouTube também está muito boa, passando a ideia do seu trabalho.
Mais uma vez, parabéns e continue produzindo!
Um abraço,
Lourdes Mattos, Psicanalista, São Paulo/SP.

“Caro Rui,

Acabei de ver seu filme hoje (2/7). Gostei muito, por sua importância histórica e porque não sobre reflexões sobre a atual condição da sociedade brasileira. Faz referências importantes sobre a história obscura de nosso país. O filme também me fez pensar sobre meu preconceito com relação à cidade de Osasco. Um dos entrevistados faz referência à mídia reforçando este preconceito. Nada como informação para diminuir os preconceitos, né? A montagem do filme também está adequada, mas acho que o filme é para poucos, pessoas mais interessadas. Acho que vc deve coloca-lo debaixo do braço e promove-lo em debates pela periferia de São Paulo, pelo interior do estado e pelo Brasil. Não sei como vc poderia viabilizar isso, por meio de sindicatos, universidades, escolas, centros culturais e cineclubes. Vc poderia começar solicitando uma ajuda de custo, não sei, é uma ideia. O filme tem sua relevância histórica e é atual para o debate sobre manipulação da mídia, organização política e social, além de demonstrar como o mundo mudou em certos aspectos. Podemos conversar mais sobre isso. Parabéns pelo seu filme,valorize o seu trabalho e o do João. Amplie a audiência, pois é um filme que as pessoas precisam ver.”  

Fernando Adolfo Bueno, Psicanalista e Produtor Cultural. São Paulo/SP 

“Rui, seu mais novo documentário, Passaporte Para Osasco, é sensível como tem de ser, dada a natureza do tema. Intenso e capaz de aproximar o espectador da experiência dos entrevistados e da realidade do movimento operário de então.” 
Um abraço 
Dr. Rodrigo Fernandez, Psiquiatra e Psicanalista - São Paulo/SP. 


“Gostei do Passaporte para Osasco, sobretudo por trazer à tona uma parte da história que pouca gente conhece. Eu aprendi um monte, e lembrei do tempo em que meu pai era operário da Cobrasma.

Muito obrigado pela gentileza e felicitações pelo seu trabalho.”
Abração,
Zé Geraldo Couto
Critico e Pesquisador de Cinema. Instituto Moreira Salles, Carta Capital, entre outras publicações.

PRINCIPAIS TRECHOS EXTRAIDOS DE LINKS PUBLICADOS EM netodohumbertomauro.blogspot.com EM 14 DE OUTUBRO DE 2016.
CASO TENHA INTERESSADO P/ EXIBIÇÃO ENTRE GRUPOS DE AMIGOS, CINECLUBES, ESCOLAS ETC. , MESMO AINDA EM 2016. É SÓ AGENDAR/PROCURAR RUI DE SOUZA: 11 98917-4783 Claro, e/ou rsouza08@yahoo.com.br