SIM, TODA
VEZ QUE ouço
esta maravilhosa música cantada pelo amado Milton Nascimento recordo-me dos
meus literais vinte anos! Que comemorei em 1984 ao lado de belo broto (p/ usar
uma expressão que durou mais ou menos até aquela época) paulistana. A
Alessandra. Que, enfim ficou também marcada da minha vida amorosa.
Agora, o
sentido maior que “Travessia” me traz é justamente que naquela tarde de sábado
no Centro Cultural de São Paulo, ela nos foi apresentada magnificamente pela
Orquestra Sinfônica de Campinas com regência
do maestro Benito Juarez. Com um convidado igualmente super especial: Chico
Buarque! Enfim, foi um programa “na faixa”. Que hoje, a julgar por vários
fatores, infelizmente é praticamente impossível. Em São Paulo, rarará! , que
dirá em Osasco. Talvez nem o com Sesc. Enfim, a vontade política, num caso destes ao que consta é zero! E
justiça seja feita, o prefeito de SP era Mário Covas (PMDB) e o secretário de
Cultura era ninguém menos do que o memorável dramaturgo, ator Gianfrancesco
Guarnieri.
Estávamos,
as comunidades todas, com a histórica campanha das "Diretas Já!", que segundo a
também amada filosofa Marilena Chaui, uma vez mais afirmou, semana passada, no
mesmo igualmente lotado Centro Cultural (ao lado de outros dois pensadores de
proa, Vladimir Safatle e dr. Fábio Konder Comparato), durante a programação do
II Salão do Livro Político (ocorreu exatamente de 1 a 3 junho, e já está
previsto uma edição no Rio e por ai vai...) que foi Caio Graco intelectual e fundador da editora
Brasiliense (meu contato com livros na verdade começou, como o cinema e a MPB,
naquela época. Via a Coleção Primeiros Passos: O Que é Ideologia, O que é
Política, O que é Cinema... entre outras), que lançou a ideia da camisa amarela
que com a palavra de ordem Diretas Já!, que, se não tiver equivocado foi
criação de outro grande (foi meu amigo na verdade) e também saudoso Carlito
Maia.
É um
velho clichê, mas dentro da proposta de resgatar o Brasil Contemporâneo via o
cinema como é o caso do Passaporte Para Osasco, vivíamos
outro mundo! Com a recém Guerra das Malvinas (1982) da nossa vizinha Argentina
com os Britânicos, o Chile ainda sob outra Ditadura terrível com a aquela
triste figura Pinochet, Guerra Fria... mas minha Geração Anos 1980 ainda
cultivava diversos valores humanitários, socialistas, herdados
justamente da “Geração 68”. Isto claro, na base das maquinas de
datilografar, mimeógrafos, câmeras fotográficas analógicas, câmeras Super 8 e
16MM (“que eram as mais populares”) e claro com projetores de filmes também em
8 e 16MM. E a seguir o VHS... Daí, a viabilidade dos Cineclubes!
Que em
Osasco como no País, foram Movimentos Socio-Culturais que davam a liga para a
Cena Pública daquela época (“O cinema é a arte que melhor trafica a Cultura” a
linda frase do saudoso cineasta Carlão Reichenbach). Desde exibições em
creches, como no caso da respeitável liderança política Sônia Rainho no
bairro do Helena Maria em Osasco, mais Comunidades de Igrejas, até o auditório do Jornal Folha de São
Paulo, e históricos Cineclubes como o
Bixiga, Oscarito, da GV, Museu Lasar Segall, em São Paulo. Este último por
sinal foi o que me introduziu no Cineclubismo via a saudosa cineasta Hilda
Machado (no período de 1984 a 86), digamos assim. Pois afinal minha carreira
como cineclubista, cineasta, cinéfilo e o Movimento Cineclubista
Brasileiro já abordei um pouco neste blog, é só ter um pouco o espírito de
aventura, ou exatamente de pesquisador e
(re) descobrir.
Para fazer apenas uma provocação (que na
verdade já fiz no ano passado num
diretório do PT lotado) reafirmo que muito da grandeza do Partido dos
Trabalhadores e dos Sindicatos etc., devem-se a nossa luta cineclubista! E que,
pessoalmente nunca obtive maiores ganhos. Muitíssimo pelo contrário!!! Cujos diretórios, sedes, foram juntamente com
a igreja católica, frutos desses meios. Posso assim afirmar. Pois as
mobilizações populares “assim pediam”.
Mas, como
sempre me alerta um dos amigos/companheiros, Cacá Mendes: “Cuidado com as
sessões descarregos, Rui!” E de fato não é hora de fazer autocríticas
políticas. É simplesmente Fora Temer! Volta Dilma! E em defesa da constituição
cidadã de 1988. Pelo menos.
E como é
fácil identificar, ainda cultivo o romantismo em geral, então continuo ouvindo
também Milton Nascimento. Com Paz & Amor. Sem Medo de Ser Feliz.