quinta-feira, 9 de junho de 2016

“Travessia”, Recordar é Viver





SIM, TODA VEZ QUE ouço esta maravilhosa música cantada pelo amado Milton Nascimento recordo-me dos meus literais vinte anos! Que comemorei em 1984 ao lado de belo broto (p/ usar uma expressão que durou mais ou menos até aquela época) paulistana. A Alessandra. Que, enfim ficou também marcada da minha vida amorosa.
Agora, o sentido maior que “Travessia” me traz é justamente que naquela tarde de sábado no Centro Cultural de São Paulo, ela nos foi apresentada magnificamente pela Orquestra Sinfônica de Campinas  com regência do maestro Benito Juarez. Com um convidado igualmente super especial: Chico Buarque! Enfim, foi um programa “na faixa”. Que hoje, a julgar por vários fatores, infelizmente é praticamente impossível. Em São Paulo, rarará! , que dirá em Osasco. Talvez nem o com Sesc. Enfim, a vontade política,  num caso destes ao que consta é zero! E justiça seja feita, o prefeito de SP era Mário Covas (PMDB) e o secretário de Cultura era ninguém menos do que o memorável dramaturgo, ator Gianfrancesco Guarnieri.
Estávamos, as comunidades todas, com a histórica campanha das "Diretas Já!", que segundo a também amada filosofa Marilena Chaui, uma vez mais afirmou, semana passada, no mesmo igualmente lotado Centro Cultural (ao lado de outros dois pensadores de proa, Vladimir Safatle e dr. Fábio Konder Comparato), durante a programação do II Salão do Livro Político (ocorreu exatamente de 1 a 3 junho, e já está previsto uma edição no Rio e por ai vai...) que foi  Caio Graco intelectual e fundador da editora Brasiliense (meu contato com livros na verdade começou, como o cinema e a MPB, naquela época. Via a Coleção Primeiros Passos: O Que é Ideologia, O que é Política, O que é Cinema... entre outras), que lançou a ideia da camisa amarela que com a palavra de ordem Diretas Já!, que, se não tiver equivocado foi criação de outro grande (foi meu amigo na verdade) e também saudoso Carlito Maia.
É um velho clichê, mas dentro da proposta de resgatar o Brasil Contemporâneo via o cinema como é o caso do Passaporte Para Osasco, vivíamos outro mundo! Com a recém Guerra das Malvinas (1982) da nossa vizinha Argentina com os Britânicos, o Chile ainda sob outra Ditadura terrível com a aquela triste figura Pinochet, Guerra Fria... mas minha Geração Anos 1980 ainda cultivava diversos valores humanitários, socialistas,  herdados  justamente da “Geração 68”. Isto claro, na base das maquinas de datilografar, mimeógrafos, câmeras fotográficas analógicas, câmeras Super 8 e 16MM (“que eram as mais populares”) e claro com projetores de filmes também em 8 e 16MM. E a seguir o VHS... Daí, a viabilidade dos Cineclubes!
Que em Osasco como no País, foram Movimentos Socio-Culturais que davam a liga para a Cena Pública daquela época (“O cinema é a arte que melhor trafica a Cultura” a linda frase do saudoso cineasta Carlão Reichenbach). Desde exibições em creches, como no caso da respeitável liderança política Sônia Rainho no bairro  do Helena Maria em Osasco,  mais Comunidades de Igrejas,  até o auditório do Jornal Folha de São Paulo,  e históricos Cineclubes como o Bixiga, Oscarito, da GV, Museu Lasar Segall, em São Paulo. Este último por sinal foi o que me introduziu no Cineclubismo via a saudosa cineasta Hilda Machado (no período de 1984 a 86), digamos assim. Pois afinal minha carreira como  cineclubista, cineasta,  cinéfilo e o Movimento Cineclubista Brasileiro já abordei um pouco neste blog, é só ter um pouco o espírito de aventura,  ou exatamente de pesquisador e (re) descobrir.
 Para fazer apenas uma provocação (que na verdade já fiz no  ano passado num diretório do PT lotado) reafirmo que muito da grandeza do Partido dos Trabalhadores e dos Sindicatos etc., devem-se a nossa luta cineclubista! E que, pessoalmente nunca obtive maiores ganhos. Muitíssimo pelo contrário!!!  Cujos diretórios, sedes, foram juntamente com a igreja católica, frutos desses meios. Posso assim afirmar. Pois as mobilizações populares “assim pediam”.
Mas, como sempre me alerta um dos amigos/companheiros, Cacá Mendes: “Cuidado com as sessões descarregos, Rui!” E de fato não é hora de fazer autocríticas políticas. É simplesmente Fora Temer! Volta Dilma! E em defesa da constituição cidadã de 1988. Pelo menos.
E como é fácil identificar, ainda cultivo o romantismo em geral, então continuo ouvindo também Milton Nascimento. Com Paz & Amor. Sem Medo de Ser Feliz.




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